Teresa Leitão reforça pautas de representatividade e rechaça tentativa de polarização de Gilson Machado: “Não vai rolar”

0

Encerrando a rodada de entrevistas do Nossa Voz com os candidatos ao Senado, a candidata do PT, Teresa Leitão, discorreu hoje (23) sobre suas propostas e prestou esclarecimentos ao Sertão do São Francisco sobre a falta de apoio à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a condução das investigações do Caso Beatriz. A também deputada estadual se recusou a assinar o requerimento para realização dessa CPI que colocaria luz nas possíveis falhas no inquérito que deveria colocar um fim na impunidade dos acusados de matar Beatriz Angélica Mota, assassinada aos sete anos em uma escola particular de Petrolina em dezembro de 2015. A mãe da menina, Lucinha Mota, foi a pé ao Recife em dezembro do ano passado em protesto pela elucidação do caso e se mostrou frustrada com a falta de apoio dos deputados pernambucanos. 

A negativa de Teresa Leitão em assinar a CPI foi alvo de críticas do também candidato ao Senado, Gilson Machado (PL), que em entrevista ao Nossa Voz afirmou que a petista teria a prática de “enterrar CPIs”. Em resposta, Leitão negou ter agido para atender interesses do governo do Estado e acusou o adversário de fazer memes com a dor da família de Beatriz. ” Gilson Machado está inclusive fazendo memes e fake news, distorcendo as minhas palavras em relação a essa CPI. Eu já foi relatora de CPIs na Assembleia Legislativa. O que aconteceu com essa CPI foi muita confusão na Alepe e não  faltava só uma assinatura, são necessárias 17 assinaturas. Veja você que de 49 deputados, apenas 12 assinaram. Inclusive o pai do candidato de Gilson Machado ao governo do estado, o deputado Manoel Ferreira, não assinou a CPI, tamanha confusão se instalou na Assembleia, entre o proponente e o próprio governo do estado porque ele base, ameaçou retirar a CPI, foi uma confusão sem precedentes na Assembleia Legislativa”, afirmou, denunciando que o proponente da comissão, o deputado estadual Romero Albuquerque teria buscado o governador Paulo Câmara para “barganhar” a retirada do requerimento que buscava a investigação.

“O caso da menina Beatriz eu acompanhei, eu a recepcionei após a heróica caminhada de Lucinha Mota, eu a recepcionei na Praça do Derby junto com a deputada Dulcicleide Amorim, junto com as deputadas [do mandato coletivo] Juntas, com a vereadora Dani Portela. Fizemos a caminhada conclusiva de toda a rota que ela heroicamente caminhou. Fomos ao Palácio com ela, só saímos de lá quando ela foi recebida pelo governador, quando o governador entregou a ela um documento que ela aceitou. Lucinha foi muito firme diante do governo, que respondeu as indagações, o advogado dela também. Funcionou muito mais do que uma CPI cheia de confusões, como foi essa que se tentou instalar e que não teve a aderência não foi de Teresa Leitão não, foi a falta de aderência da Casa Legislativa”, completou. 

A candidata ainda detalhou as diretrizes presentes para a sua atuação no Senado. Suas propostas se dividem em quatro eixos que tratam do desenvolvimento com inclusão social e sustentabilidade; garantia de direitos e universalização da cidadania; a defesa da soberania nacional, das instituições, da democracia; e a defesa de Pernambuco e o fortalecimento dos municípios. Ela assegurou uma atuação institucional, inclusive em eventuais governos desalinhados com o seu partido. “Eu acho que o um senador da república representa primeiro à república, todos os estados em questões de ampla revisão, que esta é a tarefa da Casa Alta. O Senado é uma casa revisora em questões muito específicas do orçamento, por isso que eu sou contra, inclusive, o orçamento secreto e nas relações institucionais, seja com o governo federal, do presidente da república, seja com  o governo estadual, com o governador de Pernambuco. Continuarei sendo como sempre fui na Assembleia Legislativa, onde eu já tive as duas experiências. Eu fui deputada de oposição e de situação. Nunca foi uma deputada de situação adesista ou de balançar a cabeça. Já votei contra inclusive ao governador Eduardo Campos no alto da sua popularidade de 80%. Tive a coragem de votar contra um projeto que ele encaminhou, que na minha avaliação, prejudicava a categoria do magistério. Poucos fazem isso, a acusação que me fazem sobre essa CPI é leviana”, ressaltou. 

Atribuindo ao adversário uma tentativa de replicar a polarização nacional, Teresa rebateu a afirmação de Gilson Machado, que a acusou de agir com “soberba” com os demais candidatos, após assumir a liderança nas pesquisas de intenção de votos. “Ninguém diz isso que esse Gilson diz. O problema é que ele está me escolhendo, dentre todos os candidatos, como opositora dele. Ele quer repetir entre nós a polarização nacional que está acontecendo entre Lula e Bolsonaro, porque eu sou da coligação que apoia o presidente Lula, eu sou o Brasil da esperança enquanto ele é o Brasil da guerra, da arma e está apoiando Bolsonaro. Mas eu não vou levar isso em consideração, nunca fui uma pessoa soberba, Gilson poderia conversar com o suplente dele, o deputado Romário Dias, com quem eu tenho uma excelente relação na Assembleia Legislativa. (…) Ele quer ganhar notoriedade nessa polarização comigo, mas não vai rolar não, porque acho ele um candidato muito mal educado, grosseiro, que fica pegando o que a gente fala nos debates para depois fazer meme. Eu vou continuar com a minha tranquilidade, trabalhando muito. Reconheço, com muita gratidão ao povo que estou à frente das pesquisas. Talvez Gilson não contasse com isso, eu uma simples deputada estadual, uma professoras, diante de tantos outros nomes estar me destacando. Mas acho que ele não terá êxito nessa propaganda que ele está fazendo contra mim”. 

Sobre ser ou não ser a candidata de Paulo Câmara, questão que a fez ingressar na Justiça quando o concorrente André de Paula (PSD) disse que ela fazia parte do “time” do governador de Pernambuco, Teresa explicou que não quis esconder o aliado, mas sim o que ela considerou um desrespeito. “Até porque eu estive em várias atividades com o governador Paulo Câmara, até o dia 02, depois deixei de acompanhar porque a Lei Eleitoral proíbe. Não tenho nada a esconder. (…) Ninguém está colocando risco nesta aliança, isso eu botei na Justiça e perdi. tanto é que eles podem usar. Porque eles dizendo com respeito, eles não estavam dizendo que eu sou apoiada pelo governador Paulo Câmara, eles não estavam dizendo que o governador Paulo Câmara faz parte da Frente Popular, eles estavam fazendo chacota com o nosso slogan da chapa. Nós somos o time de Lula, eles estavam dizendo que não, que nós não somos o time de Lula porque eles disputam a imagem de Lula. André de Paula disputa a imagem de Lula, ele faz o L, mas você sabe que é só H. Nós colocamos na Justiça porque ele estava tirando chacota”. 

Ela ainda se mostrou animada com a representatividade feminina nesta eleições. “Nós temos nove postulantes mulheres nas chapas majoritárias de todos os partidos, entre governadoras, vice-governadoras e senadoras. Temos duas [candidatas a] senadoras, eu e Eugênia Lima do PSol. Realmente é um recorde e é fruto do trabalho de quem veio antes de nós e do nosso trabalho como mulher e na política. Eu fiz parte da primeira maior bancada de deputadas que se elegeu para a Assembleia Legislativa no ano de 2002. Sou a primeira deputada eleita pelo PT, eu e Ceça Ribeiro, chegamos juntas em 2002. Nós éramos oito naquela ocasião. Não  conseguimos manter esse número, oscilou para baixo, oscilou para lá, foram cinco, seis, hoje somos 10 deputadas estaduais e uma deputada federal. Dessas 10 deputadas estaduais, seis estão concorrendo a outros cargos, seja de deputada federal, vice-governadora, seja de senadora. E nós podemos manter, eu acho, a bancada estadual. É um desafio que eu lanço às candidatas a deputada estadual mulheres, para a gente tentar manter essa bancada e, quem sabe, ampliar. E é bom que amplie também a bancada federal. O espaço da mulher da política é muita luta, das próprias mulheres, dos movimentos sociais que às vezes as candidatas depois de eleitas esquecem, mas os movimentos sociais de organização das mulheres, a marcha de mulheres, articulação de mulheres brasileiras tem feito um trabalho muito importante na defesa do espaçço das mulheres na política”, apontou, garantindo que, se for eleita, assumirá as pautas em defesa do direito das mulheres.