“Galo gôgo”, “excremento parlamentar”, “membro de facção” e “mentiroso” formam vocabulário de discussão entre vereadores na Câmara de Petrolina 

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Na sessão desta terça-feira (21), o clima pesou na Câmara de Petrolina e a troca de ofensas chamou a atenção dos demais parlamentares e da população que acompanhava a reunião de forma presencial ou online. Num confronto direto estavam os vereadores Gilmar Santos e Wenderson Batista, que esclareceram pontos citados em momentos diferentes, durante entrevistas concedidas ao programa Nossa Voz. 

É que em entrevista ao NV do último dia 16/11, Gilmar Santos criticava o projeto de Lei que reduziu a área de preservação permanente às margens do Rio São Francisco e criticava a comissão responsável por analisar o projeto – composta por Wenderson Batista, Zenildo Nunes e Ruy Wanderley – por assinar o parecer favorável à matéria em tempo recorde. Em resposta, também ao Nossa Voz (dia 17/11), Wenderson negou ter assinado o documento e chamou o colega de parlamento de “mentiroso e crápula”. 

Por isso, na sessão desta terça, Gilmar resolveu rebater as colocações de Batista e foi incisivo ao dizer que, apesar da fala “ácida” e “brava”, o oponente não lhe causava medo. “Quanto mais bravo e mais valente, a gente vai estar aqui de forma tranquila e educada dizendo que não temos medo, nem do senhor e nem de qualquer manifestação autoritária e coronelista”. Santos negou ter afirmado que Wenderson assinou o parecer, apenas citou que ele fazia parte da citada comissão competente em analisar o projeto encaminhado pelo Executivo Municipal. “Mas o senhor se sentiu muito ofendido porque o seu nome foi citado e foi no rádio me xingar de tudo quanto é nome. Só não disse que eu sou filho de Deus, mas do resto, o senhor me xingou como pode e em nenhum momento eu fiz qualquer xingamento à vossa excelência”, lamentou. 

Para Santos, falta a Batista a liberdade de legislar a favor dos interesses da população. “Existe uma diferença entre o parlamentar que foi eleito pelo voto do povo, eleito sem uso do poder econômico, sem se envolver com possíveis esquemas junto à prefeitura e existem parlamentares que usam de outros meios. É por isso que a gente está aqui de forma independente para defender o povo, sem arrodeio. Eu tenho certeza de que o senhor não tem a mesma liberdade que eu tenho para defender o povo porque o senhor tem um patrão. O senhor sabe dos privilégios que tem junto à gestão e lembra quando fez um vídeo explodindo, por sinal, alcoolizado, e logo, logo tirou o vídeo porque o patrão mandou tirar. O senhor sabe que deve ao seu patrão”. 

Gilmar ainda reconheceu que não havia a assinatura de Wenderson no parecer, mas associou ao fato dele estar fora da cidade. Ao concluir, ele ainda apontou que o colega “esperneia e cisca” para se impor, mas isso não lhe causa medo. “A gente não tem medo de ciscado. Inclusive, já falei que o senhor tem aquela doença do galo, o gôgo (coriza infecciosa), o galo gôgo, que canta, canta, canta e não diz nada, a não ser gritaria que não representa o sentimento do nosso povo. O senhor é conhecido como vereador dos privilégios, que quer mais combustíveis, mais gasolina da Câmara e quer tudo. E finalizo dizendo que existe uma diferença entre parlamentar e excremento parlamentar. Eu não vou chamar o senhor de excremento parlamentar porque o excremento tem uma função biológica de adubar a terra, às vezes. Eu não sei se nem pra isso o senhor tem”.

O vereador Wenderson Batista pediu direito de resposta, mas antes disso o vereador Zenildo Nunes cobrou que Gilmar Santos provasse que ele fazia parte de esquemas. 

Quando iniciou seu discurso, Batista não economizou nas palavras. “Eu quero dizer a esse vereador mentiroso e irresponsável que na fala dele no programa de Neya Gonçalves, disse que eu tinha assinado o requerimento. Nem aqui eu estava, estava em São Paulo, então, mentiu e eu tenho a foto [do parecer] no meu celular. Então, é mentiroso. E eu quero dizer a você, não é vossa excelência, que eu não falo para colocar medo em ninguém, primeiro porque eu não sou nenhum marginal, nem moleque e nem vagabundo. Não faço parte de facção, como é o partido ao qual você faz parte, para estar colocando medo em alguém. Você me respeite e procure o seu lugar, que acima de tudo eu sou homem, faço jus e com muito orgulho faço parte do grupo de Fernando Bezerra Coelho”. 

Wenderson também relembrou o episódio em que gravou o vídeo na saída do pátio de eventos durante do São João de Petrolina, onde cobrou o reforço da segurança na saída da festa após ter presenciado a tentativa de invasão à casa de uma conhecida sua. Ele nega ter apagado a publicação, feita nos stories da sua conta no Instagram e assegurou que sua cobrança foi atendida nos demais dias em que aconteceram o evento. “O que eu fiz foi um reclame, que no outro dia foi atendido pelas autoridades de segurança. E digo mais, estava numa festa bebendo porque os atos eu não nego a ninguém, diferente de muitos que andam com pelinha de cordeiro falando manso, agora vá ver a vida pregressa?! Nunca nenhum político levantou a voz para me desrespeitar ou me dar um murro, diferente de vossa senhoria” afirmou, relembrando o episódio ocorrido em abril de 2018, durante uma audiência pública realizada no distrito de Rajada, na Zona Rural de Petrolina. 

O situacionista ainda comparou a votação obtida por cada vereador nas últimas eleições, quando recebeu 3.011 votos, contra 1.735 votos recebidos por Gilmar. Segundo Batista isso se deve a postura do colega, que tem a prática de expor os demais parlamentares nas redes sociais. “Você não respeita nem o poder onde está”. 

“Quando eu falei de combustível foi justamente falando que você é covarde, se absteve do voto. Mas nunca falou do filho do líder que você tem, que limpava bosta de elefante e se tornou um dos cabras mais ricos, roubando, que é o filho do presidente que aí está. Eu tenho princípios, faço política limpa e não faço com essa vozinha de cordeiro não e não faço para impor medo. E que fique claro: eu sou homem aqui dentro, lá fora e em todo lugar e respeito os princípios e respeito todo mundo. Procure fazer sua política propositiva (…). Então se respeite, procure seu lugar e você disse sim que eu assinei o documento e chamo mais uma vez de mentiroso. Por que não disse o nome de Ruy Wanderley e de Zenildo? Mas venha, do jeito que você vier eu estou pronto”, finalizou. (Fotos: Nilzete Brito/CMP)