Brasil gera mais vagas de empregos formais, mas salários estão menores

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O Brasil gerou 277.018 empregos com carteira assinada em maio deste ano. Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, no mês passado, foram registradas 1.960.960 contratações, superando o número de desligamentos, que foi de 1.683.942.

O total de trabalhadores com vínculo formal aumentou 0,67% em relação ao resultado de abril deste ano, passando de 41.448.948 para 41.729.858. Segundo o ministro José Carlos Oliveira, o número é recorde. “Levando em conta apenas o resultado desses primeiros cinco meses do ano, já podemos sonhar com um número muito maior”, comemorou.

O setor que mais contribuiu para a criação de empregos em maio foi o de serviços, com saldo positivo de 120,2 mil vagas. Em seguida, vêm a indústria, com 46,9 mil e a construção civil, com 35,4 mil. O comércio abriu 47,5 mil postos de trabalho e a agropecuária, 26,7 mil.


Diana Veras, de 36 anos, está entre essas pessoas que conseguiram emprego no último mês. Depois de cerca de um ano desempregada, ela agora ocupa uma vaga de mãe social em uma casa de acolhimento de menores. “Durante o período em que estive procurando emprego, cheguei a ficar deprimida. Entreguei inúmeros currículos e nunca era chamada para trabalhar, isso me deixava muito mal. Agora eu voltei a me sentir viva e útil”, contou.


Todas as regiões brasileiras tiveram saldo positivo, com o maior número de vagas (147.846) sendo abertas no Sudeste. O Centro Oeste se destacou pela alta de 0,94% na criação de empregos formais, num total de 33.978 novos postos de trabalho. Em seguida vêm o Norte, com 16.091 novos postos, o Nordeste com 48.847, e o Sul, com 25.585 postos.


Salário em queda 

Apesar do saldo positivo em termos de novos empregos, o valor médio do salário de admissão diminuiu. A remuneração inicial paga a quem foi admitido em um novo emprego, em maio, foi de R$ 1.898,02, valor R$ 18,05 menor que a média calculada em abril, que era de R$ 1.906,54.
“De maneira geral, o trabalhador está perdendo o poder aquisitivo. A média de salário está menor porque a economia ainda está muito longe de se recuperar. Há um saldo positivo de novos empregos para comemorar, começamos a ver agora uma recuperação dos empregos perdidos nos últimos dois anos, mas a média de salário tem sido menor no pós-pandemia”, destacou Marco Antônio Lucinda Ribeiro da Silva, coordenador dos cursos de pós-graduação em Gerência de Projetos e Planejamento e Gestão Empresarial do Centro Universitário IESB.

Mesmo com a melhora no quadro de empregos, o desemprego ainda atinge mais de 11,3 milhões de brasileiros, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que leva em conta todos os tipos de trabalho, inclusive informais.

Prestes a completar 70 anos, Edson Chaves Filho foi desligado do cargo por uma videochamada em setembro de 2020, primeiro ano da pandemia. Formado em comunicação social e com vasta experiência em designer gráfico e audiovisual, ele contou já ter se candidatado a mais de 400 vagas de emprego.


“Sabe o que dói? De mais de quatro centenas de currículos enviados, não mais do que uma dúzia dos que abriram a vaga tiveram o cuidado ou a gentileza de responder, mesmo que com um texto padronizado: ‘obrigado por se candidatar’. Notei que a minha idade é um obstáculo muito alto e me deprime perceber que fui rejeitado no mercado pela falta de expertise em redes sociais”, lamentou.

(Agência Brasil)