“Não há dúvida nenhuma da responsabilidade de Marcelo pelo assassinato de Beatriz”, diz promotor

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Segue em curso, nesta quinta-feira (15), a retomada da audiência de instrução de Marcelo da Silva, acusado de assassinar a menina Beatriz Angélica, de 7 anos. Havia a expectativa na na oitiva de uma testemunha de defesa que não foi localizada na audiência do último dia 23 de novembro,

A audiência de instrução começou no dia 22 de novembro, com o depoimento de seis testemunhas da acusação, inclusive a mãe de Beatriz, Lúcia Mota. No dia 23, dez pessoas foram ouvidas – duas apresentadas pelo Ministério Público e oito pela defesa – além do depoimento do réu, que se recusou a falar. 

“Hoje a expectativa é muito grande porque é o assassino que vai falar. Ele vai ser interrogado hoje e a nossa expectativa é que ele fale mais detalhes do crime que ele cometeu contra a vida de Beatriz, um crime covarde, cruel. A gente já tem a confissão dele, mas queremos mais detalhes, mais informações, isso é muito importante e eu tenho certeza que hoje vai falar”, afirmou Lucinha Mota, mãe da vítima.

Nesta etapa, ela aposta em uma nova estratégia. “Minhas esperanças e a minha fé é muito forte. E ele é muito vaidoso, isso deu para a gente perceber desde o primeiro vídeo que ele deu. Ele é vaidoso, tem a necessidade de falar. O fato dele não ter falado até aqui é porque isso tem sido estratégia da defesa dele. Mas no momento em que a juíza começar a fazer perguntas, o Ministério Público fizer as perguntas, o nosso advogado começar a fazer perguntas, ele vai falar mais, vai contar mais detalhes”. 

Na última audiência, Lucinha vivenciou a prova de fogo de permanecer no mesmo ambiente do acusado de matar sua filha à facada. Instruída por seu advogado, ela resistiu ao impulso de tirá-lo do local. “Foi um dos  momentos mais difíceis para mim foi esse. Foi difícil estar perto da pessoa que tirou a vida, que tirou os sonhos de Beatriz de forma tão covarde, tão cruel. Eu estive próxima a ele, a pouco menos de um metro de distância. Eu tinha o direito de pedir que ele se retirasse da sala, mas eu não fiz isso porque, para mim, tudo é importante. Inclusive, com a minha presença ali eu tinha a expectativa de que pudesse, de alguma forma, influenciar na decisão dele falar. Então, tudo que os meus advogados me orientam fazer, eu faço à risca, porque eu estou aqui por amor à Beatriz. Ele não me deu a oportunidade de lutar pela vida de Beatriz e foi covarde, ele pode ter certeza que eu vou viver para garantir que ele passe o resto da vida dele na prisão”. 

Naquela data, duas testemunhas não foram ouvidas. Uma delas foi dispensada e outra não foi localizada. Com isso, o advogado de defesa, Rafael Nunes, solicitou dispensa e Marcelo não se pronunciou. “A defesa fez de tudo para atrasar o processo e eu, desde já parabenizo ao Fórum de Petrolina e a Justiça de Petrolina por ser firme e cumprir com todos os prazos até aqui, para garantir a Beatriz celeridade. Já são sete anos de injustiça, a gente não pode esperar mais nem um dia e nem mais uma hora. Então, até ontem, todo o trâmite estava sendo corrido normalmente, ele [o assassino] já estava sendo recambiado para Petrolina, o advogado dele vai participar. Ele pediu que fosse adiado, alegando que tinha outra audiência no mesmo dia, mas em nenhum momento ele apresentou qualquer prova de que teria uma audiência no mesmo horário da de hoje. Então, era apenas uma estratégia para atrasar mesmo e não deixar que Beatriz tenha justiça. Mas a Justiça foi firme, manteve os prazos, deu a ele todos os direitos que um réu tem, por isso, temos a certeza de que vai se concretizar uma fase muito importante desse processo para que Beatriz tenha Justiça”, apontou Lucinha. 

O objetivo da audiência de instrução é definir se o réu, Marcelo da Silva, será ou não levado a júri popular. Ele foi apontado pela polícia como autor do crime em janeiro deste ano e já estava preso respondendo por outros crimes. Na época, Marcelo confessou o assassinato. Poucos dias depois, o advogado de defesa, Rafael Nunes afirmou que o cliente escreveu uma carta dizendo ter sido pressionado a confessar o assassinato.

Para o Ministério Público não há dúvidas quanto a culpa do réu. “A todo brasileiro, assiste a oportunidade de ficar calado. Acredito, na verdade, que há proveito dele falar. Ele não alega tanto que é inocente? Que tem o que falar? Então, que ele fale. Um réu tem a oportunidade de falar e opta em ficar em silêncio, é porque tem alguma coisa a esconder. Vai ser facultado e eu quero que ele fale, estou querendo perguntá-lo, quero que ele preste esclarecimentos sobre os fatos. Na verdade, independente disso, já existem elementos, hoje produzidos, provas testemunhais, técnicas, perícias, indicando a participação de Marcelo, de uma responsabilidade pelo crime brutal, cruel de Beatriz. Já existem elementos, não só um e nem dois, existem vários. O conjunto probatório que existe hoje é muito forte contra Marcelo. Na verdade, para o Ministério Público já existem elementos suficientes sim, não há dúvida nenhuma da responsabilidade de Marcelo pelo assassinato de Beatriz”, afirmou ao Nossa Voz, o promotor à frente do caso, Érico Oliveira. 

O advogado de defesa, Rafael Nunes, que afirmou que participaria da audiência por videoconferência, fez questão de vir pessoalmente a Petrolina para acompanhar o seu cliente e lamentou a dispensa de uma das testemunhas. A outra não foi localizada. “A defesa esteve no presídio de Igarassu, houve um contratempo na comunicação e aí tive a notícia de que Marcelo foi conduzido pessoalmente para cá. A defesa tinha a tinha a opção de fazer a audiência por videoconferência, mas fora de cogitação. Quero estar do lado do meu cliente num momento desse. A testemunha não foi localizada, a defesa insistiu em ouvir a testemunha, a Justiça indeferiu o pedido da defesa, que será pugnado nos tribunais superiores”, declarou.