Ministério reativa “lista suja” de trabalho análogo à escravidão

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 (Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Com 1.010 pessoas resgatadas somente este ano de condições de trabalho análogas à escravidão, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) retoma, hoje, a publicação da lista suja da exploração de mão de obra. A nova edição relaciona um total de 109 empregadores pessoas físicas e 23 empresas que foram flagradas em operações de combate ao trabalho escravo.

A retomada da lista foi confirmada, ontem, ao Correio, pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho. Ele salientou que os resgates realizados nos primeiros 90 dias do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicam que 2023 pode registrar um terrível recorde. “Em 90 dias, 1.010 trabalhadores foram libertados e, nessa velocidade, (este ano) vai ser o recorde provavelmente”, observou.

Marinho salientou que tais resgates, quando realizados, geram efeitos negativos para o país e para o setor econômico envolvido. O ministro assegura que o ministério vai intensificar a fiscalização.

“Qualquer notícia do trabalho escravo é muito negativa para o segmento econômico, para a balança comercial e para o Brasil. Não é bonito para o país ver o Ministério do Trabalho falar que teve 10 mil trabalhadores libertados. O bonito é não ter nenhum trabalhador sujeito ao trabalho escravo. Esse é o objetivo pelo qual estamos atuando para alcançar e punir”, assegurou.

Elaborada desde 2003, a lista suja era atualizada a cada seis meses, mas passou por instabilidades e pressões para que não fosse divulgada nos governos dos ex-presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro. Os empregadores apontados por exploração do trabalho humano permaneciam por dois anos na relação, a não ser que entrassem em acordo com o governo federal e adotassem as exigências de adequação de condutas sociais e trabalhistas.

Entre os integrantes da lista, que será publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União (DOU), estão várias fazendas e propriedades rurais, mas também empresas de áreas urbanas em estados como Minas Gerais, Goiás, Pará, Piauí, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Minas, aliás, é o campeão absoluto em empregadores inscritos na nova edição da lista — são 36 casos. Em seguida, vem Goiás, com 15 empresários incluídos; Pará, com 11; Mato Grosso do Sul, com oito; e Paraná e Santa Catarina, cada um com sete casos.

Até mesmo no Distrito Federal há empresários incluídos na lista suja do MTE. São dois casos: um em Ceilândia — o responsável por um alojamento junto à sede de uma igreja — e outro em uma empresa no Sol Nascente, descrita como padaria e bar.

Em março, veio à tona que três vinícolas gaúchas — Salton, Aurora e Garibaldi — mantinham trabalhadores saídos do Nordeste do país, para trabalhar na colheita da uva, em condições análogas à escravidão. Elas pagarão R$ 7 milhões em multas e culpam a empresa recrutadora de mão de obra pela irregularidade.

(Diário de Pernambuco)