“Laranja madura na beira da estrada, tá bichada ou tem marimbondo no pé, como já dizia o sambista”, afirma delegado sobre golpes

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Joseilton Sampaio, delegado. Foto: reprodução

O delegado de Polícia Civil de Pernambuco, Joseilton Sampaio, participou do programa Nossa Voz esta semana para falar sobre os cuidados para evitar cair em golpes que têm sido muito frequentes e feito muitas vítimas. 

“Todo dia tem uma coisa nova. Atualmente a gente tem visto, por exemplo, o golpe do falso policial. Alguém liga pra pra vítima, se apresenta como um policial, e aí fala que, por exemplo, a conta foi clonada e que tá havendo uma investigação e que portanto precisa do cartão da vítima para fazer perícia etc, e aí alguém vai na residência e as vítimas infelizmente acabam entregando os seus cartões, sempre com aquela informação básica que se passa pra vítima, ‘olha pode quebrar o cartão’. Isso dá uma aparência de que o cartão não vai ser utilizado, mas ele disse ‘ó, quebra o cartão, mas não quebra o chip’, só que as informações evidentemente estão no chip, e aí de posse desses chips os golpistas aplicam os golpes”, explicou.

De acordo com Joseilton, as principais vítimas são idosos. “A realidade demonstra que as pessoas idosas, como regra, elas não têm um contato muito frequente com rede social, com tecnologia de modo geral. Claro que existem muitas exceções, mas como regra, muitos idosos não têm mais esse contato com aparelhos tecnológicos. E aí eles se aproveitam disso”.

O delegado explicou ainda como funciona o golpe do vírus do Pix. “Eles acabam enviando para as vítimas links, e-mails, e mais uma vez, inventando uma história, de que houve algum problema com a conta que precisa ser verificada, e aí se apresentam em muitas oportunidades como sendo funcionário de banco, funcionário de instituição financeira, e aí pedem que as pessoas cliquem naqueles links ou naqueles e-mails que são enviados, e aí é que tá um problema. Clicou no link, vai ser instalado um aplicativo invasor ou espião e, a partir dali, remotamente, eles vão ter acesso a muitas informações que existem naquele aparelho celular. De posse dessas informações, eles conseguem muitas vezes acesso à senha de acesso ao aplicativo do banco e aí o prejuízo financeiro é gigantesco”.

O golpe do emprego também tem sido muito comum. “Infelizmente os dados de muita gente vazam hoje com facilidade. A Deep Web tá aí pra fornecer aos golpistas uma série de informações que deveriam ser confidenciais, mas não são. E essas pessoas têm acesso a esses dados, e aí entram em contato com essas pessoas que, muitas vezes também por rede social acabam dando a informação de que estão à procura de emprego, e aí passam a oferecer aquela aquela vaga dos sonhos, sempre um emprego com a remuneração bem atraente, com uma carga de trabalho também que interessa a muita gente por não ser uma carga muito pesada, só que assim, é aquela velha história, laranja madura na beira da estrada, tá bichada ou tem marimbondo no pé, como já dizia o sambista”, afirmou. 

“Essas vantagens mirabolantes, de um salário muito acima do que é praticado cotidianamente no mercado, de uma carga horária muito leve de trabalho e sobretudo, quando o golpista começa a pedir alguma coisa em troca, pedir que faça um pagamento de um boleto, pedir que faça uma transferência bancária que faça um PIX para poder garantir aquela vaga, evidente que isso é golpe”, disse Sampaio.

O golpe do falso brinde também tem feito muitas vítimas. “O golpistas fazem contato dizendo que a pessoa foi premiada com alguma coisa, que é data de aniversário, que alguém mandou um presente para ser entregue, e aí diz que não identificou, quem foi o remetente daquele presente porque está apenas prestando o serviço, só que às vezes até leva alguma coisa de fato, leva algum brinde, leva uma flor, leva alguma coisa, só que o golpe vem logo depois. Em regra eles levam uma máquina de cartão de crédito e dizem que é preciso fazer o pagamento do serviço que eles prestaram, só que essa máquina é obviamente a máquina manipulada, a pessoa não consegue visualizar direito o valor que está sendo colocado porque o visor da máquina tá ali corrompido e, outra coisa, o local onde a pessoa vai digitar a senha. Se você observar uma máquina verdadeira, quando você digitar a senha ela aparece apenas asterisco, na máquina do golpista vai aparecer o número da sua senha, e aí ele se apodera dessa sua senha e aí depois sim, ele passa com a sua senha a aplicar os golpes, então a variedade é muito grande”, relatou.