Armup reforça notificações, mas diretor-presidente da Armup suspeita que gestão da Compesa “jogou a toalha”

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A demanda crescente nos bairros de Petrolina, em relação aos problemas de manutenção na rede de esgoto e a falta d’água, levou o diretor-presidente da Agência Reguladora de Petrolina (Armup), Rubem Franca, a crer que a equipe gestora da Compesa está fazendo o mínimo e apenas esperando o ano acabar. Às vésperas da composição do governo Raquel Lyra, a estatal tem reduzido a atuação mesmo com o aumento das reclamações feitas pela população. 

“É interessante isso, a Compesa realmente parece que afrouxou de vez este final de ano. E eu tenho dados que possam comprovar isso. Eu estava até dizendo, na brincadeira, que seria bom se a gente tivesse eleição todo ano. Eu acho que ela melhorou muito e temos um relatório das ações que fazemos todos os dias, onde condensamos por mês e depois por ano. Todos os anos, entre 2018 e 2021, fazemos em torno de 1500 notificações a Compesa, anualmente. E isso varia. Durante um mês tivemos 200, no outro 254 notificações, entre esgoto estourado, estouro de tubulação de água potável, obstruções de maneira geral, pavimentações que não foram respostas. E o que achei interessante é que neste ano, em 2022, em janeiro foram 200 notificações, depois 254, 2015, 100, 200, etc. No período da eleição, a partir de julho e agosto, começou a cair para 50, 45 notificações, 70, 72 notificações”, relatou, acrescentando que chegou a cobrar mais empenho da equipe quando na verdade, o serviço havia melhorado durante o período eleitoral. 

“Agora em novembro já foram 154 notificações. Agora em dezembro está vindo uma enxurrada de todos os lados. A gente não para, as demandas vêm por telefone, através de vocês, dos veículos de comunicação, dos blogs, da própria comunidade. Então, eu estou achando é que houve realmente uma parada da Compesa, tendo em vista a virada do ano, talvez, a nova administração, do novo governo se apresenta”, especulou. 

Um ranking dos bairros com mais problemas de esgoto feito pela Armup aponta o João de Deus em primeiro lugar, onde só em novembro foram 158 notificações sobre problemas de obstrução na rede de esgoto. Na sequência estão o Pedro Raimundo e o Jardim Amazonas, mais de 100 notificações no mesmo período. Na terceira colocação, os bairros José e Maria, por Areia Branca, Dom Malan e Maria Auxiliadora. Na quarta posição estão Vila Eduardo e Cosme e Damião. “Não tem justificativa. Eu acho que é final de ano, jogaram a toalha. O consumidor está pagando a conta, pagando caro pelo caro pela água, pelo tratamento de esgoto e precisa que isso seja feito. E para isso, gente, a Armup está atuando forte com o Ministério Público também. Acho que este ano ganhamos muito por nos aproximar mais do MP. Parabéns dra. Ana Paula, Dra. Rosane e ao meu pessoal também”, destacou. 

Segundo Franca, o marco para intensificação desta parceria se deu na resolução dos problemas no fornecimento de água no Henrique Leite. “Tudo começou pela Armup, quando nós fizemos a primeira notificação para a Compesa, ela não nos respondeu, deixou para lá, nós aplicamos a primeira multa e mandamos todo esse material para a dra. Ana Paula. Ela foi muito diligente, já havia recebido reclamações da população e abriu um procedimento. Isso forçou a Compesa a comparecer a todas as reuniões do MP, junto com a Armup e demonstrasse o que ela faria para resolver o problema da falta d’água na zona leste de Petrolina”. 

Para atender a demanda, a Companhia gastou R$ 300 mil para restabelecer o abastecimento naquela região. Rubem considerou pouco, diante das demais áreas que necessitam de intervenções da mesma natureza. “Gastou-se pouco e se resolveu, aparentemente o serviço. Mas eu não acredito ainda que esta intervenção vai resolver o problema da falta d’água novamente, no ano que vem, em 2023, com o calor que vai chegar novamente no verão do próximo ano. E aí, a dra. Ana Paula e a Armup e a Compesa aceitou que em 60 dias apresentaria, porque eu não fiquei satisfeito (…), o que ele vai fazer pelos outros bairros da cidade”, afirmou, apontando que no João de Deus, Pedra Linda, os residenciais Nova Vida I, II, III e as expansões sofrem com a falta de água nas épocas mais quentes do ano.

Em 60 dias os representantes da estatal voltaram, mas não apresentaram dados satisfatórios. Um novo prazo foi estabelecido e em 60 dias, eles devem voltar ao MP para apresentar um cronograma de ações que devem ser executadas antes do verão de 2023. “Eles trouxeram um plano macro, com o estado todo. Eu quero saber, com todo respeito aos diretores que vieram do Recife, estavam muito bonitos os slides, mas não havia informações sobre o que seria feito na cidade, com ações iniciadas em janeiro, para que não tenhamos a falta d’água em outubro de 2023. Nós vamos receber isso em fevereiro, obras emergenciais para serem implantadas na rede de abastecimento de água de Petrolina”. 

A mudança de governo traz uma insegurança sobre a efetividade do plano que deverá ser apresentado em Petrolina. Mas a equipe presente na cidade assegurou ter informado essa demanda à equipe de transição.

De acordo com os dados coletados pela Armup, a Companhia Pernambucana de Abastecimento arrecada cerca de R$ 110 milhões líquidos anualmente em Petrolina. Destes, apenas R$ 2,8 milhões foram reinvestidos a cada ano, nos últimos cinco anos. Franca lamentou o descaso e reforçou a importância de correr atrás do tempo perdido. “Seriam necessários pelo menos R$ 40 milhões em investimentos anuais para ver se a gente recupera as perdas vivenciadas pela população no que diz respeito à qualidade do serviço prestado na cidade”, calculou.