Univasf: Reunião extraordinária é realizada contra a vontade da reitoria temporária

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Membros do Conselho Universitário da Univasf. (Foto: Divulgação)

Após sucessivos cancelamentos pela gestão provisória, representantes do Órgão Máximo da Univasf resolveram convocar e manter a reunião extraordinária sem a equipe de gestão pró-tempore, que optou por ficar de fora.

A última quinta-feira, 30 de abril, revelou-se um dia histórico para a Univasf. O Conselho Universitário (Conuni), órgão máximo da instituição, realizou reunião extraordinária presidida pelo conselheiro decano, Prof. Alexandre Ramalho, mesmo sem contar com a presença de representantes da reitoria provisória instituída pelo Governo Federal. Os integrantes do Conuni, em sua grande maioria, são representantes de coordenações de curso, de docentes, de técnicos administrativos e de estudantes, eleitos por seus pares, além da representação da comunidade externa.

A reitoria pró-tempore suspendeu, por duas vezes, a reunião ordinária inicialmente prevista para o dia 24/04 e depois 30/04. Preocupados com a situação incerta e julgando insuficientes as razões alegadas para os adiamentos, a maioria dos conselheiros resolveu chamar a reunião, para tratar das ações da Universidade diante da pandemia de Covid 19 e das medidas que a gestão temporária tem tomado, vistas como preocupantes pelos impactos na continuidade das atividades da Universidade.

Fazendo uso da ferramenta de webconferência da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), os/as conselheiros/as realizaram sua reunião na tarde da última quinta-feira (30/04), com a presença de mais de 2/3 dos membros, em todos os segmentos representados pelo Conuni. A reitoria provisória, que regimentalmente, detém a presidência do Conuni, ficou de fora da assembleia. Nos mais de 15 anos da Univasf, esta foi a primeira vez em que membros do Conuni conduziram uma reunião convocada contra a vontade da reitoria.

Predominaram as preocupações dos conselheiros/as com a falta de uma transição adequada entre a gestão do Prof. Julianeli Tolentino e a equipe provisória, que já realizou alterações em praticamente todos os cargos e setores. As mudanças bruscas preocupam pela interferência em atividades que estavam em desenvolvimento, especialmente, quando a comunidade dava como certa a nomeação dos professores Telio e Lucia, eleitos em primeiro turno, ao final de 2019.

Quanto ao Hospital Universitário, a gestão pró-tempore, entre suas primeiras ações, solicitou a troca do primeiro escalão de gestores e da coordenação médica. Nas pró-reitorias e demais setores vinculados à reitoria, todo o primeiro escalão e parte do segundo escalão foram alterados para acomodar coordenadores de campanha, apoiadores e financiadores da chapa derrotada nas eleições que judicializou o processo eleitoral.

A Comissão de Prevenção e Combate à Covid-19, por sua vez, foi destituída e seus membros, antes representantes de várias áreas de saúde e de diferentes setores da Universidade, foram substituídos quase que completamente por profissionais Medicina, perdendo também o caráter multiprofissional em saúde. O atual presidente da comissão é médico que defende publicamente o afrouxamento das medidas de isolamento social, o que deixa apreensiva a comunidade acadêmica, nesse momento de agravamento da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.

Outro problema considerado grave é a possibilidade de que a reitoria provisória venha a defender o retorno às aulas mesmo no atual contexto, em alinhamento com o Ministro da Educação e em desacordo com as decisões tomadas anteriormente pela Universidade.

Um clima de adversidade predomina na avaliação dos representantes que se reuniram, os quais identificam severas ameaças ao ambiente de normalidade que predominou até então na história da Universidade.

Diante disso, os conselheiros aprovaram emitir nota de repúdio à gestão pró-tempore, por não ter conduzido um adequado processo de transição administrativa. Além disso, decidiram requerer à reitoria os devidos esclarecimentos quanto às alterações na Comissão que trata da Covid 19 e quanto aos eventuais planos de retorno às atividades acadêmicas e administrativas.

Bruno Cesar (Conselheiro representante – técnicos)

Bruno de Melo (Conselheiro representante – estudante)

Omar Dias Torres (Conselheiro representante da comunidade externa)

Márcia Bento (Conselheiro representante – docente)