“Um professor universitário não trabalha só dando aula, ele tem muitas outras atribuições”, diz Rafael Torres em defesa aos docentes da Univasf

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Na entrevista concedida hoje, Rafael Torres de Souza Rodrigues, professor do curso de Zootecnia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e também Presidente do Sindicato dos Docentes da mesma universidade, esclareceu os recentes rumores sobre a redução de 50% das vagas para o Sisu 2024.

O professor Torres expressou sua preocupação com as declarações feitas anteriormente, considerando-as irresponsáveis. Ele enfatizou que a Universidade Federal do Vale do São Francisco manteve suas atividades durante a pandemia, com professores realizando pesquisas, orientando alunos e desenvolvendo tecnologias para a comunidade.

“Um professor universitário não trabalha só dando aula, ele tem muitas outras atribuições. A gente tem atividade de pesquisa, no laboratório fazendo pesquisa orientando mestrado, doutorado, os futuros professores fazendo tecnologia que são usadas pela população como todo. Tem atividade de extensão, então estamos nas comunidades trabalhando e atendendo as pessoas levando tecnologia e informação. A gente criou um semestre suplementar onde a gente deu aula de forma remota. Inclusive, não teve apoio do governo federal na época”, destacou. 

Ele também destacou que a decisão de cancelar um semestre letivo não foi tomada de forma precipitada, mas após análise cuidadosa pelo Conselho Universitário, que incluiu membros de várias categorias, como professores, técnicos e alunos. Essa medida visa resolver a defasagem no calendário acadêmico e evitar que os estudantes tenham que esperar nove meses para ingressar na universidade.

“O nosso calendário regular está iniciando atrasado, os alunos que passam no Sisu estão aguardando em torno de 9 meses para poder entrar na universidade, isso tem acarretado uma defasagem. Com isso, as salas estão ficando esvaziadas, porque essas pessoas que passam querem entrar na universidade de imediato. O conselho propôs cancelar o semestre, seria mais viável regularizar esse calendário e possibilitar que esses alunos aprovados no Sisu pudessem entrar de imediato. Não quer dizer que não vai ter aula, mas o semestre provavelmente será 2024.2, vai ser cancelado e no lugar dele vai ser 2025.1”, salientou. 

O professor Torres também mencionou que estão sendo estudadas alternativas, como aumentar o número de alunos em uma das entradas dos cursos para equilibrar a redução de vagas.

“Alguns cursos vão ter que reduzir porque quando reduz um semestre acarreta em problemas, se for manter as entradas reduzindo o semestre a capacidade de sala e a carga horário dos docentes serão prejudicadas. A gente não tem docentes suficientes para atender essa demanda alta. Tendo duas entradas, provavelmente os cursos vão reduzir uma das entradas, mas não são todos os cursos”, afirmou. 

Em relação às alegações de descompasso no retorno às aulas presenciais, ele destacou que a universidade enfrentou desafios devido à pandemia e à intervenção na gestão, o que impactou a transição administrativa. No entanto, ele enfatizou que a decisão de cancelar um semestre foi baseada em considerações acadêmicas e administrativas para garantir a qualidade da educação.