Mamografia: dados mostram melhora, mas déficit ainda é grande

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Dados revelam que o número de exames atingiu níveis pré-pandemia, o que significa continuar abaixo do recomendado pela OMS; apenas pouco mais de 1/4 das mulheres realiza a mamografia

A realização da mamografia, exame mais eficaz para o diagnóstico precoce do câncer de mama, continua em sinal de alerta no Brasil. A afirmação vem dos Mastologistas e pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologista (SBM), que monitoram constantemente o índice de realização do exame em todo o país. Embora eles tenham identificado certa retomada, após os dois primeiros anos de pandemia quando a demanda ficou represada, o assunto ainda é motivo de preocupação, pois apenas 1/4 das mulheres brasileiras realizam o exame.

De acordo com o Dr. Vilmar Marques, presidente da entidade, há décadas o Brasil se mantém abaixo dos 70% de cobertura populacional, preconizado pela Organização Mundial de Saúde. Portanto, voltar aos patamares de antes da pandemia significa continuar abaixo do necessário. “Considerando que temos uma população de 215 milhões de brasileiros, sendo mais de 50% mulheres, e considerando a faixa etária a partir dos 40 anos, o número de mamografias deveria girar em torno de 45 ou 50 milhões de exames por ano, mas isso está muito longe de ser uma realidade”, afirma. Ao contrário, os números indicam que é realizado apenas cerca de 25% do total esperado.

De acordo com levantamento coordenado pela Dra. Jordana Bessa, membro da SBM, de janeiro a julho de 2022, foram realizadas 1.108.249 mamografias no Brasil, na faixa etária de 50 a 69 anos, no sistema público. Pela primeira vez em dois anos, vemos números comparáveis ao período pré-pandemia. O levantamento teve como base o número de mamografias realizadas pelos serviços públicos de saúde em todo o Brasil, disponibilizados pelo DATASUS, entre janeiro de 2019 e julho de 2022, em mulheres com idade entre 50-69 anos. Mamografias de instituições privadas não foram incluídas. Segundo a médica, o levantamento reforça o sinal de alerta sobre o impacto da pandemia. “Esperávamos observar um número maior de mamografias neste ano. A mamografia é primordial e, infelizmente o acesso ainda é um gargalo no Brasil, tendo diversos obstáculos de acordo com a região do país”, afirma a mastologista, acrescentando que há locais que tem mamógrafos inoperantes, em outros não tem quem os opere, em outros a distância entre pacientes e onde eles se encontram é um fator complexo, entre outras dificuldades.

O estudo identificou ainda aumento da proporção de pacientes com exames atrasados ​​em 2022; cerca de 40% das mulheres realizaram sua última mamografia há mais de três anos “Há uma demanda que precisa ser priorizada neste momento de retomada, tanto no que diz respeito à rotina preventiva quanto às pacientes que se encontram em tratamento. “As pacientes que interromperam o tratamento na pandemia precisam, urgentemente voltar a realizar seus exames e acompanhamento médico. Estamos falando de uma doença que, se não tratada, pode avançar, comprometendo a sobrevida da paciente e diminuindo as chances de cura”, explica a médica, acrescentando que as mulheres de risco elevado (como aquelas com história pessoal ou familiar de câncer de mama) devem ser priorizadas.

Para a Sociedade Brasileira de Mastologia, uma das prioridades (se não a maior) para o Brasil é o atendimento mais ágil dos casos suspeitos. As mulheres com nódulos palpáveis ou resultados anormais de mamografia deveriam ter acesso fácil à biópsia e ao início do tratamento. Assim, nos últimos anos, a entidade tem apoiado diversas frentes nesse sentido, como o Guia de boas práticas em navegação de pacientes com câncer de mama no Brasil, buscando aproximação com o Ministério da Saúde para a inserção de tais medidas nas diretrizes dos governos para o tratamento destas pacientes. “O Câncer de mama é um problema de saúde pública e, conforme dito pelo presidente da SBM, proporcionar o caminho adequado para a paciente em tratamento é fundamental”. Apesar do programa de rastreamento estar sendo implantando, numa primeira etapa, para mulheres entre 50 e 69 anos, os estudos mostram benefício da sua realização anual a partir dos 40 anos, sendo esta a estratégia defendida e preconizada pela Sociedade Brasileira de Mastologia.

(Contextual Comunicação)