“Ele não terá o meu perdão”, afirma Lucinha Mota sobre o acusado Marcelo da Silva

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Lucinha Mota e Sandro Romilton
Lucinha Mota e Sandro Romilton, pais de Beatriz Angélica Mota, no estúdio do Nossa Voz nesta quinta (23/11). Foto: Moacir Santana

Os pais de Beatriz Angélica Mota, Lucinha Mota e Sandro Romilton, participaram na manhã desta quinta-feira (24) para fazer um balanço dos dias de audiência de Marcelo da Silva. Ele é acusado de assassinar a menina Beatriz.

Durante os dias 22 e 23 de novembro testemunhas foram ouvidas no Fórum Dr. Manoel Francisco de Souza Filho em Petrolina.

Umas das testemunhas não foi ouvida e uma nova audiência foi marcada para o dia 15 de dezembro às 9h. “Isso causa frustração e tristeza pra gente, são quase sete anos de luta, e o mínimo que a gente esperava é celeridade. Essa testemunha que não compareceu ontem, ela deu o endereço, mas o judiciário não encontrou, mas na verdade, eu conheço essa pessoa porque eu acompanho o inquérito, eu conheço todas as pessoas que já foram ouvidas no inquérito, e é um morador de rua, que não é difícil encontrar, ele tava na rua ontem por exemplo (…) Ele tava preso até pouco tempo. (…). A justiça tardia eu não considero como justiça, mas é um direito de Beatriz, é por isso que, eu e Sandro, a gente luta”.

Lucinha agradeceu ao grupo Somos Todos Beatriz, que esteve presente no fórum durante os dois dias, assim como a familiares e amigos, pelas mensagens de fé recebidas nas redes sociais, a governadora Raquel Lyra, a Guilherme Coelho, Gláucia Andrade, ao vereador Capitão Alencar, ao governo de Pernambuco, ao investigador Freddy Ponce, a João Leonardo que presidiu o inquérito, ao promotor Érico de Oliveira, aos advogados, Lécio Ribeiro, a OAB da Bahia, que designou uma comissão especial para acompanhar o inquérito e o processo, e as pessoas que foram levar solidariedade e carinho.

Sandro contou que foram dois dias muito difíceis, que estão cansados, com o corpo dolorido e a mente cansada, mas ainda sim, fazem questão de passar as informações. “O inquérito conta com 28 volumes, mais de 6600 páginas, tem página que não tem nenhuma informação, mas tem página que tem, outras que tem 10, 15, detalhes, coisas pequenas, mas de grande importância, então a gente se debruçou sobre o inquérito junto com o Ministério Público, que apresentou a denúncia, e saí tranquilo, sim, animado. No primeiro dia, nós tivemos algumas rusgas ali, normal da defesa, contrapondo a nossa acusação, mas já no segundo dia, eu confesso a vocês que foi mais tranquilo”.

“Essa manobra de ter dispensado uma das testemunhas que estava presente, e ter feito questão de convidar uma outra que não foi encontrada, um morador de rua, que todo mundo sabe a história, bem conhecido ali, ele frequenta exatamente a Concha Acústica, Praça do Peixe, ele tem aquele percurso ali que, se você for agora lá, provavelmente ele deve estar por lá. Usuário de droga, uma pessoa que tem um endereço, mas não frequenta, mas, de qualquer forma, ele não teria muito o que contribuir porque ele não esteve no evento no dia, na noite do acontecido. Seria mais proveitoso para a defesa ter aproveitado a testemunha que estava presente, que é um ex-funcionário que teve na área do bebedouro, eu acho que a defesa perdeu uma grande oportunidade. Na verdade, eles querem é prolongar mais tempo aí pra ver se dá pano pra manga. A gente entendeu a intenção do advogado de defesa”, avalia Sandro.  

O pai de Beatriz disse que, durante a audiência o advogado fez confusões de nomes, se atrapalhava e que estava muito interessado no celular, em redes sociais, comportamento que julgou desnecessário. Afirmou ainda que teve um momento em particular, disse para o advogado de defesa, Rafael Nunes:

“Doutor, se concentre em defender seu acusado, se concentre, porque a gente tá buscando justiça, o direito tem que ser pleno, ele tem que ter toda defesa. Quanto mais defesa ele tiver, quanto mais defesa, quanto mais justiça tiver, esse inquérito vai ser resolvido da melhor forma possível”.  

Para Lucinha, o acusado não foi pressionado no vídeo do depoimento em que ele confessou o crime. “Quando eu recebi o vídeo da confissão dele, a primeira coisa que eu fiz foi encaminhar para um profissional dos Estados Unidos, ele faz toda a análise corporal das pessoas, ele é um perito, e ele emitiu um relatório pra mim bem detalhado, com cada momento da fala dele nesse vídeo, e ele conclui ao final dizendo o seguinte, se não houvesse o resultado do DNA nos autos, ele iria concluir com 100% de certeza que o assassino de Beatriz é o Marcelo da Silva.

“O fato de o advogado não deixar ele falar, é porque quando ele falar, ele vai falar novamente que foi ele, ele vai assumir, essa é a preocupação do advogado dele, porque é da natureza dele, do assassino, confessar. Ele traz no depoimento situações que só o assassino saberia”.

“Com certeza esse vídeo será divulgado, o processo vai se tornar totalmente público e as pessoas vão assistir. No dia do júri as pessoas vão assistir também. Quando as pessoas tiverem acesso ao vídeos vão perceber que ele é espontâneo, é natural, não houve qualquer tipo de pressão do delegado que estava fazendo a oitiva dele naquele momento. O que causa na verdade estranheza, antes de ontem que me causou dúvida, foi o testemunho da amante dele”.

Lucinha reforçou que, após a caminhada por justiça de 700 km de Petrolina a Recife, houve investimento após a reunião com o governador de Pernambuco e que a prova é a identificação do assassino e as perícias feitas posteriormente. Em seguida, destacou a importância do investigador Freddy Ponce, da polícia de Miami, no caso. Afirmou que ele quem deu a ideia de solicitar a quebra das ERBs (Estações Rádio-Base) das ligações no momento do crime.

“Aquelas chamadas, aqueles números direcionaram para a amante dele. A polícia foi até a amante, fez a condução coercitiva dela, ela foi ouvida, e ela assumiu que tinha sim falado com ele na noite do crime, aí na presença da juíza ela negou tudo, diz que teve ilusões, que foi uma coisa da cabeça dela, imaginação, ainda fez uma acusação muito grave, ela acusou a delegada de ter feito a oitiva dela lá, diz que ela foi coagida, foi forçada a dizer , e ainda disse mais no primeiro depoimento dela, disse que sabia que ele tinha assassinado Beatriz, tá lá registrado no depoimento dela, que ela sabia, e na  presença da juíza ela negou tudo descaradamente”, relatou Mota.

Lucinha afirmou que, quando o Ministério Público de Pernambuco pediu a presença da delegada para prestar esclarecimentos,  o advogado de defesa pediu o indeferimento.

O acusado falou para o delegado no presídio que queria pedir perdão aos pais de Beatriz. Lucinha informou que Marcelo da Silva não fez o pedido de perdão. “Eu sou uma mulher de muita fé, de muita espiritualidade, Deus sabe do meu coração, não adianta eu mentir, e quando eu fiz a caminhada até Recife, eu pedi a Deus, e o Senhor sabe que não pode ser através do perdão, mas pode ser através do sacrifício que o Senhor mesmo fala aqui na bíblia, o Senhor nos dá essa esperança, e Ele está nos honrando, ele não terá o meu perdão”, afirmou.