O deputado federal Raul Henry (MDB), protocolou na esta semana na Câmara Federal, proposta para a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar as causas e os responsáveis pelo colapso do sistema de saúde em Manaus, no Amazonas. O parlamentar classifica a situação como inadmissível “ver brasileiros morrendo por asfixia por falta de oxigênio”.
“É meu terceiro mandato como deputado federal e a primeira vez que eu tomo uma iniciativa como essa. Mas o que aconteceu no Amazonas foi uma coisa injustificável e a gente vê nisso uma comoção, uma indignação muito grande na sociedade e eu acho que o parlamento tem o instrumento para apurar esse tipo de fato, para esse tipo de responsabilidade, que a CPI, a Comissão Parlamentar de Inquérito. (…) É inadmissível num país com o Brasil, que está entre as 10 economias do mundo, você ver brasileiros morrendo por asfixia por falta de oxigênio, apesar dos avisos terem vindo com antecedência”, reforçou.
Questionado sobre a condução das ações de saúde adotadas pelo governo Bolsonaro, Henry teceu críticas a postura negacionista do presidente da república. “Brasil já passou de 210 mil mortes, corresponde sozinho a 10% mortes no mundo”, relembrou.
“Eu primeiro quero esclarecer que eu não me considero um deputado de oposição. Muito pelo contrário, eu votei na maioria esmagadora dos projetos que foram enviados pelo governo para a Câmara, sobretudo aqueles que diziam respeito a reformas econômicas. Agora, acho que governo federal, que o presidente Bolsonaro tem errado muito nessa pandemia. Errado muito, desde o início”.
O deputado federal citou ainda a frase de Bolsonaro quando o país alcançou a marca dos 5 mil mortos (“E daí?) dita em abril do ano passado. Além disso, o presidente não incentivava o uso de máscara, distanciamento, medidas de higiene. “O presidente tentou subestimar tudo isso, tentou sabotar a ideia de vacinação, dizendo que teria um termo de responsabilidade para quem assinasse. Isso não existe em lugar nenhum do mundo. Tentou desacreditar a vacina, afrontou os parceiros internacionais. (…) Afirmou que não ia comprar a vacina chinesa, de um parceiro comercial importantíssimo para o Brasil. Então não dá para fazer de conta que não aconteceu nada”.
A demissão de dois ministros da saúde em meio à primeira leva de aceleração dos casos de Covid 19 foi outra medida desacertada, na opinião de Henry. “Acho que o resto do país, os prefeitos, todos eles dependem da ação do Ministério da Saúde que é a quem cabe coordenar as ações do país inteiro, é a quem cabe fazer o plano nacional de vacinação. Então o grande responsável pelos erros que estão sendo cometidos é o presidente Bolsonaro. Infelizmente não digo isso com nenhuma alegria, infelizmente é o que está acontecendo”.
Entretanto, mesmo em meio a todos os pontos negativos citados, Raul Henry não aposta que haja um ambiente favorável ao impeachment de Jair Bolsonaro na Câmara dos deputados. “Acho que não há. Não sou advogado, muito menos jurista, mas se formos analisar os atos do presidente, é muito provável que dê para tipificar um crime de responsabilidade nessa pandemia. Mas o presidente ainda tem o apoio da sociedade, tem mais de 30% de aprovação de bom ou ótimo. Na perspectiva eleitoral, será um candidato muito competitivo na eleição de 2022. E tem uma base no Congresso Nacional que dificilmente votaria numa proposta de impeachment. Acho que não é um ambiente para isso”.
