Pernambuco é referência no Norte e Nordeste no trabalho com a ECMO

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(Foto: Anne Christine Poujoulat/AFP)

Após a divulgação de que o ator Paulo Gustavo foi submetido à ECMO (sigla em inglês para oxigenação por membrana extracorpórea), usada em várias partes do mundo para ajudar na recuperação de pacientes acometidos pelo novo coronavírus, a terapia ganhou repercussão pública e despertou curiosidade. 

A terapia é capaz de substituir as funções do coração ou do pulmão de forma artificial e, embora seja de grande valia na batalha contra a Covid-19, não deve ser encarada como uma tábua de salvação.

No caso dos pacientes com a Covid-19 que apresentam severo comprometimento respiratório, a ECMO permite que os pulmões descansem enquanto um circuito faz a respectiva função.

O sangue é retirado do corpo, oxigenado em uma máquina através de uma membrana artificial, que também retira o CO2, e devolvido ao paciente. 

Embora maciçamente comentada agora, a ECMO é uma terapia que já vem sendo usada em outros países há algumas décadas. Em Pernambuco, há dois pólos de referência na utilização da tecnologia, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e o Real Hospital Português (RHP). 

Ambos os hospitais, localizados no Recife, já faziam uso da tecnologia antes da pandemia e possuem profissionais com registro de capacitação pela Organização de Suporte de Vida Extracorpóreo (ELSO), sendo referências nas regiões Norte e Nordeste não só no atendimento, mas na promoção de cursos de capacitação. 

“Em 2011, houve uma capacitação na Alemanha para conhecer essa tecnologia. Tem 10 anos que trouxemos para o Recife, com momentos de mais e menos uso”, diz o médico cirurgião cardíaco do Imip Fernando Figueira, contando que, antes da pandemia, a ECMO era mais utilizada em pacientes com cardiopatias. 

“A gente usa quando o coração está entrando em falência, para que o paciente resista até chegar órgão para o transplante.”

No RHP, a tecnologia foi utilizada pela primeira vez em março de 2018 e, desde então, auxilia na recuperação de pacientes graves com choque circulatório ou insuficiência respiratória. 

Segundo a médica cardiologista Verônica Monteiro, que é especialista em ECMO e coordena as UTIs para a Covid-19 do RHP,  a terapia já foi aplicada em pacientes com outros vírus que também podem causar Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) assim como o Sars-CoV-2, a exemplo do vírus H1N1. 

“A gente já sabia da importância da ECMO, mas nunca tinha tido um uso tão difundido como acontece agora porque não tinha tantos candidatos a usar”, diz. 

Covid-19
“Descoberta” por grande parte da população recentemente, a ECMO começou a ser aplicada em pacientes com a Covid-19 no Brasil entre abril e maio do ano passado. 

Países como Estados Unidos e Japão e nações da Europa, sobretudo a Itália, maior utilizador de ECMO do mundo, já vinham reportando o uso em casos graves de infecção pelo coronavírus e sinalizado uma esperança maior de recuperação. (Fonte: Folha PE)