Novas cepas: Descoberta sobre contaminados em Salvador acende alerta para interior da Bahia, alerta imunologista

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Member of the medical staff take blood sample to a court staff member during a rapid test for the COVID-19 coronavirus at the Denpasar court in Denpasar, on Indonesia's resort island of Bali on August 14, 2020. (Photo by SONNY TUMBELAKA / AFP)
(Foto: SONNY TUMBELAKA / AFP)

O resultado do inquérito epidemiológico realizado em Salvador, publicado na segunda-feira (25), deve servir de alerta para o interior da Bahia. É como avalia o imunologista baiano Gustavo Cabral, pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Segundo ele, os 20% de contaminados identificados na capital baiana estão muito acima do nível nacional.

“Sem sombra de dúvida, o inquérito de Salvador deve servir de alerta para o interior. Se uma cidade como Salvador já chegou a 20%, em muitas cidades do interior a tragédia vai ser maior ainda, porque a gente precisa entender que o suporte do interior é diferente das capitais. Tem as UPAs, mas não tem estrutura”, afirmou o imunologista baiano.

“Nos casos graves, geralmente, existe necessidade de levar para outra cidade, cidades maiores. Fica o alerta para a capital, porque ainda tem muita gente, 80%, com possibilidade de infecção, e para os interiores entenderem que o vírus pode se dispersar muito rápido e novas cepas estão surgindo muito rápido também. Então precisa de um cuidado maior. Infelizmente, tem esses atos de irresponsabilidade”, criticou o imunologista.

Segundo Gustavo Cabral, outro fator preocupante é a falta de informação da população frente ao problema. “A sociedade tem que estar bem informada quanto a isso. Não adianta montar programas de controle e a sociedade não colaborar. Tem que incluir a sociedade nessa jogada”, disse. “Nos interiores, os números estão crescendo. E em alguns interiores que eu fui eu vi as pessoas sem máscara, sem nada”, complementou.

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), em boletim publicado nesta quarta-feira (27), os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100.000 habitantes são: Ibirataia (11.513,85), Itororó (9.773,33), Itabuna (8.998,09), Muniz Ferreira (8.973,32) e Conceição do Coité (8.857,26), todos com índices acima dos de Salvador.

Após a corrida eleitoral nos municípios, a quantidade de casos ativos da Covid-19 na Bahia disparou. Ainda segundo a Sesab, Vitória da Conquista, terceira maior cidade do estado, é a que apresenta a segunda maior quantidade de contaminados no momento, com 405 casos ativos.

Conquista é seguida pelos dois maiores municípios do sul da Bahia, Itabuna (375) e Ilhéus (216), que têm registrado altos números de transmissão do novo coronavírus desde o início da pandemia. A região tem 1.805 dos 11.099 casos ativos do estado, perdendo apenas para o leste do estado (3.780), onde fica Salvador.

Mesmo com números que se destacam, os três municípios estão com seus comércios em pleno funcionamento, impondo apenas algumas medidas de distanciamento social e a obrigação de uso de máscaras.

Feira de Santana (207), Paulo Afonso (175), Cruz das Almas (155), Jequié (146), Porto Seguro (135) e Alagoinhas (129) completam a lista dos 10 municípios do interior baiano com mais casos ativos.

Não há mais leitos de UTI reservados para o tratamento de pacientes com Covid-19 nos municípios de Irecê, no centro-norte da Bahia, e Remanso, no norte do estado. Na região nordeste, onde todos as vagas estão concentradas em Alagoinhas, a taxa de ocupação é de 88%. (Fonte: Bahia Notícias)